O tempo sacolejava levando – os naquele veículo que rangia na poeira, trazendo sufoco à garganta e olhos, enquanto deixava os cabelos, antes – tão bem penteados – todos em desalinho, sob o vento que sentia-se ofendido com aquele ousado monstro de ferro que lhe cortava o caminho. Ritinha pegava o pente e tentava acertar o cabelo revolto, limpava com um lencinho o rosto, cuja pele brilhava e segurava com firmeza a sua mochila escolar. Essa era a rotina diária dela e mais alguns amiguinhos, todos alunos da mesma escola na cidade próxima à fazenda onde residiam.
Era uma vida cheia de regras, horários a cumprir, caso perdessem a condução, certamente ficariam sem ter como ir ao colégio. Acordavam cedinho, tomavam um farto e saudável café com alimentos produzidos ali – leite fresquinho da ordenha matinal, pão caseiro assado no forno de barro, manteiga pura, feita em casa também, geleia de frutas do pomar, queijos, ovos mexidos recolhidos das galinhas que eram criadas soltas e muito bem alimentadas. Não havia vida melhor e embora os sacolejos e a poeira da estradinha de terra, as vezes cansavam, nada importava. Moravam no paraíso.